quinta-feira, 30 de junho de 2011

Eu não merecia isso!



       “... Por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição? Por que para uns nada dá certo, enquanto que para outros tudo parece sorrir?...”
       “... As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que cada um deve compenetrar-se bem...”
(Capítulo 5. item 3. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”)
                                     
Assumir total responsabilidade por todas as coisas que acontecem em nossa vida, incluindo sentimentos e emoções, é um passo decisivo em direção a nossa maturidade e crescimento interior.

A tendência em acusar a vida, as pessoas, a sociedade, o mundo enfim, é tão antiga quanto o gênero humano; e muitos de nós crescemos aprendendo a raciocinar assim, censurando todos e tudo, nunca examinando o nosso próprio comportamento, que na verdade decide a vida em nós e fora de nós.

Assimilamos o “mito do vitimismo” nas mais remotas religiões politeístas, vivenciadas por todos nós durante as várias encarnações, quando os deuses temperamentais nos premiavam ou castigavam de conformidade com suas decisões arbitrárias. Por termos sido vítimas nas mãos dessas divindades, é que passamos a usar as técnicas para apaziguar as iras divinas, comercializando fa­vores com oferendas a Júpiter no Olimpo, a Netuno nas ativida­des do oceano, a Vênus nas áreas afetivas e a Plutão, deus dos mortos e dos infernos.

Aprendemos ajustificar com desculpas perfeitas os nossos desastres de comportamento, dizendo que fomos desamparados pelos deuses, que a conjunção dos astros não estava propícia, que a lua era minguante e que nascemos com uma má estrela.

Ainda muitos de nós acreditamos ser vítimas do pecado de Adão e Eva e da crença de um deus judaico que privilegia um povo e despreza os outros, surgindo assim a idéia da hegemonia divina das nações.

As pessoas que acreditam ser “vítimas da fatalidade” continuam a apontar o mundo exterior como culpado dos seus infortúnios. Recusam absolutamente reconhecer a conexão entre seus modos de pensar e os acontecimentos exteriores. São influen­ciadas pelas velhas crenças e se dizem prejudicadas pela força dos hábitos, pelas cargas genéticas e pela forma como foram criadas, afirmando que não conseguem ser e fazer o que querem. Não sabem que são arquitetos de seu destino, nem se conscientizam de que o passado determina o presente, o qual, por sua vez, determina o futuro.

A vítima sente-se impotente e indefesa em face de um des­tino cruel. Sem força nem capacidade de mudar, repetidas vezes afirma: “Eu não merecia isto”, “A vida é injusta comigo”, nunca lhe ocorrendo, porém, que o seu jeito de ser é que materializa pessoas e situações em sua volta.

Defendem seus gestos e atitudes infelizes dizendo: “Meus problemas são causados por meu lar”, “Os outros sempre se comportam desta forma comigo”. Desconhecem que as causas dos problemas somos nós e que, ao renascermos, atraímos esse lar para aprendermos a resolver nossos conflitos. São os nossos comportamentos interiores que modificam o comportamento dos outros para conosco. Se somos, pois, constantemente maltratados é porque estamos constantemente nos maltratando e ou maltra­tando alguém.

Ninguém pode fazer-nos agir ou sentir de determinada maneira sem a nossa permissão.

Outras pessoas ou situações po­derão estimular-nos a ter certas reações, mas somente nós mesmos determinaremos quais serão e como serão essas reações. As for­mas pelas quais reagimos foram moldadas pelas experiências em várias vidas e sedimentadas pela força de nossas crenças interiores - mensagens gravadas em nossa alma.

Portanto, precisamos assumir o comando de nossa vida e sair do posicionamento infantil de criaturas mimadas e frágeis, que reclamam e se colocam como “vítimas do destino.

Admitir a real responsabilidade por nossos atos e atitudes éaceitar a nossa realidade de vida - as metas que alteram a sina de nossa existência.

Em vez de atribuirmos aos outros e ao mundo nossas derrotas e fracassos, lembremo-nos de que “as vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa”.

Fonte: Livro: Renovando Atitudes

terça-feira, 28 de junho de 2011

A Deusa dos Orixás - Clara Nunes


Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Mas Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
(3X)

Yansã penteia os seus cabelos macios
Quando a luz da lua cheia clareia as águas do rio
Ogum sonhava com a filha de Nanã
E pensava que as estrelas eram os olhos de Yansã

Mas Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Mas Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar

Na terra dos orixás, o amor se dividia
Entre um deus que era de paz
E outro deus que combatia
Como a luta só termina quando existe um vencedor
Yansã virou rainha da coroa de Xangô

Mas Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
mas Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar
mas Yansã, cadê Ogum? Foi pro mar

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Ijexá – Clara Nunes


Filhos de Gandhi,badauê
Ylê ayiê,malê debalê,otum obá
Tem um mistério
Que bate no coração
Força de uma canção
Que tem o dom de encantar
Seu brilho parece
Um sol derramado
Um céu prateado
Um mar de estrelas

Revela a leveza
De um povo sofrido
De rara beleza
Que vive cantando
Profunda grandeza

A sua riqueza
Vem lá do passado
De lá do congado
Eu tenho certeza

Filhas de Gandhi
Ê povo grande
Ojuladê,katendê,babá obá
Netos de Gandhi
Povo de Zambi
Traz pra você
Um novo som: Ijexá

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Qual a posição da Umbanda sobre o aborto?



A Umbanda não condena ninguém, entretanto, orienta que recebemos ao longo de nossa vida inúmeras oportunidades de fazer o bem e resgatarmos assim um pouco do nosso carma.

Fazer um aborto, com certeza não contribuirá positivamente para isso.

Mesmo pensando em caso de saber-se antecipadamente que o seu bebê terá hidrocefalia, por exemplo, e desejar interromper a gravidez. É claro que você tem o seu livre arbítrio, e já que o bebê não irá sobreviver, você tem todo o direito outorgado pela Lei do Livre-Arbítrio de interromper essa gravidez. Por outro lado, se a gravidez for levada a termo, você poderá, por exemplo, estar ajudando outro bebê, tornando o seu bebê um doador de órgãos.

Com isso quero dizer que a gravidez é dádiva divina, inclusive a originada por estupro (não nos esqueçamos as encarnações compulsórias), por representar oportunidade de crescimento moral e espiritual. Mas como em tudo na vida, a resposta será: “a opção é sua”.

Ainda lembro que para cada ação existe uma reação em igual proporção, resta saber se estamos dispostos a arcar com as conseqüências de nossos atos.

Com isso acredito que deixei claro que a Umbanda não estimula o aborto, pois é uma religião que prega que através das reencarnações estaremos obtendo nossa oportunidade de cumprirmos o nosso karma, e sendo assim ela não fecha as portas a quem quer que seja, pois o seu objetivo é orientar e esclarecer todo aquele que procura nela alívio para suas dores.

Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

Afoxé para Logun - Clara Nunes


Menino caçador
Flecha no mato bravio
Menino pescador
Pedra no fundo do rio

Coroa reluzente
Todo ouro sobre azul
Menino onipotente
Meio Oxóssi, meio Oxum

Menino caçador
Flecha no mato bravio
Menino pescador
Pedra no fundo do rio

Coroa reluzente
Todo ouro sobre azul
Menino onipotente
Meio Oxóssi, meio Oxum
Eh..., quem é que ele é?
Ah..., onde é que ele está?
Axé, menino,axé!
Fara Logun, Fara Logun, Fá
Axé, menino,axé!
Fara Logun, Fara Logun, Fá

Menino, meu amor
Minha mãe, meu pai, meu filho
Toma teu axoxô
Teu onjé de coco e milho

Me dá do teu axé
Que eu te dou teu mulucum
Menino, doce mel
Meio Oxóssi, meio Oxum

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Conto de areia - Clara Nunes


É água no mar, é maré cheia ô
mareia ô, mareia
É água no mar...

Contam que toda tristeza
Que tem na Bahia
Nasceu de uns olhos morenos
Molhados de mar.

Não sei se é conto de areia
Ou se é fantasia
Que a luz da candeia alumia
Pra gente contar.

Um dia morena enfeitada
De rosas e rendas
Abriu seu sorriso moça
E pediu pra dançar.

A noite emprestou as estrelas
Bordadas de prata
E as águas de Amaralina
Eram gotas de luar.

Era um peito só
Cheio de promessa era só
Era um peito só cheio de promessa (2x)

Quem foi que mandou
O seu amor
Se fazer de canoeiro
O vento que rola das palmas
Arrasta o veleiro
E leva pro meio das águas
de Iemanjá
E o mestre valente vagueia
Olhando pra areia sem poder chegar
Adeus, amor

Adeus, meu amor
Não me espera
Porque eu já vou me embora
Pro reino que esconde os tesouros
De minha senhora

Desfia colares de conchas
Pra vida passar
E deixa de olhar pros veleiros
Adeus meu amor eu não vou mais voltar

Foi beira mar, foi beira mar que chamou
Foi beira mar ê, foi beira (2x)

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Lenda das Sereias - Clara Nunes e Marisa Monte


Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Ynaê
Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar

Mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante

Olha o canto da sereia
Ialaó, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com as doces melodias
Os madrigais vão despertar
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz, ela semeia

Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz, ela semeia
A paz, ela semeia
A paz, ela semeia

Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Ynaê
Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar

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domingo, 26 de junho de 2011

O Poder do pensamento



Nós gravitamos na direção de nossos pensamentos dominantes.

Vamos examinar como aquilo que se encontra em sua mente afeta o que acontece em sua vida.

Talvez um dos princípios mais importantes com o qual você sempre vai se deparar a respeito de sua mente seja o de que você sempre gravita na direção daquilo que pensa com mais frequência.

Quantas vezes você não se viu exatamente na situação pela qual você disse que não queria passar?

Você disse:
“se há uma coisa que eu não quero que aconteça... se há uma pergunta que eu não quero que me façam... se há um erro idiota que eu não quero repetir...” E adivinhe o que aconteceu? Aconteceu exatamente tudo o que você não queria.

O princípio aqui é:
“pense muito sobre alguma coisa e você atrairá aquilo para si”. Mesmo que você esteja pensando em algo que não quer. Isso acontece porque sua mente se move em direção às coisas, e nunca para longe delas. Essa consciência de como nossa mente funciona nos leva a considerar melhor aquilo que dizemos a nós mesmos e aos outros... porque nossa mente funciona com imagens.

Quando você diz a si mesmo:
“eu não quero esquecer meu livro”, você instala na mente a imagem do objeto sendo esquecido....

Já quando você diz:
“eu quero me lembrar do livro”, formará uma imagem mental de si mesmo lembrando-se do livro e terá muito mais chance de se lembrar dele. Sua mente simplesmente não pode e não vai funcionar ao contrário de uma idéia.

Assim sendo, quando o treinador de futebol grita para um jogador: “Não erre o pênalti!”, ele está pedindo para ter problemas!... O jogador de tênis que vence os grandes torneios é o jogador que está sempre pensando: “eu quero este ponto. Este é meu!”. Já o indivíduo que perde a partida é aquele que pensa: “É melhor eu não perder este ponto”!

Em poucas palavras:
o pensamento positivo funciona porque os pensadores positivos lidam com aquilo que querem. Desse modo, eles gravitam necessariamente na direção de seus objetivos. Pense sempre naquilo que você quer!

Fonte: Andrew Matthews, no livro "Seja Feliz"
postado por C.Zeus,comunidade Umbanda Sem Medo

sábado, 25 de junho de 2011

Por que estudar UMBANDA? Para aprender o que? Para se entender sobre o que?



Penso que é para se entender que a UMBANDA É UM ORGANISMO VIVO e em franco desenvolvimento. E este organismo vivo, vive dentro de nós, UMBANDISTAS.

Estudar e entender sua história é reconhecer a nossa própria história, é saber e dizer de onde viemos, por que viemos, e também vislumbrar um caminho por onde estamos indo. Pois já nos perdemos outrora, pela falta de conhecimento e de reconhecimento dentro da sociedade.

Eu creio que estamos na fase da expansão da consciência religiosa UMBANDISTA, impulsionada por esta nova forma de ensinar a Umbanda, adotada pelos Templos Escolas, e destes novos formadores, que abrem cada vez mais o conhecimento aos novos UMBANDISTAS, como nós.

Nós, que adentramos recentemente nos trabalhos, não viemos apenas pelo AMOR OU PELA DOR. Viemos pelo conhecimento, pela grande magia desta religião DIVINA! Já não nos contentamos em fazer. Queremos entender. O conhecimento abre portas e janelas, e a mente expansiva do médium, guiada pelos seus guias, se ilumina num arco íris divino sem véus, criando uma nova era para a religião. Uma era em que há o reconhecimento e o respeito, pois fazemos parte da sociedade, e já não aceitamos viver a margem desta sociedade.

Todas as nossas práticas religiosas são justificáveis, mas não é errado apropriarmos as nossas práticas ao bom convívio dentro desta sociedade da qual fazemos parte. Faltou-nos em outros tempos a consciência de que fazemos parte de um todo e que devemos cumprir e honrar a nossa cota de participação.

NO HINO UMBANDISTA DIZ: “Avante filhos de fé, pois como a nossa lei não há!” Qual é a nossa lei? A nossa lei é a Lei de DEUS.

E é muito mais abrangente porque nos dá muito mais responsabilidades, nos obriga ao exercício constante da fé e do amor incondicional, do respeito às diferenças, do olhar fraterno às minorias, da humildade e do reconhecimento de si próprio, do conhecimento, da transformação e da evolução.

Estudar de uma forma ampla é procurar adquirir o conhecimento de algo. Preparar, examinar, ponderar, amadurecer. Observar cuidadosamente o fenômeno. Dedicar-se à apreciação, análise e a compreensão. Entender o organismo vivo que habita o templo mediúnico (corpo do médium), é ter posse de sua certidão de nascimento, é apresentar seu RG a quem questione sua identidade, é saber e reconhecer de fato o seu PAI a sua MÃE, seus irmãos e a sua origem divina. Conhecendo nosso passado, construímos no presente. E podemos olhar no horizonte um futuro promissor de respeito e reconhecimento para a nossa religião...

Fonte: Jornal Nacional de Umbanda – Ed. 14, Junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Importância do Saudar



O Umbandista respeitoso e religioso deve sempre que entrar em um Centro, Saudar respeitosamente as Forças que sustentam aquele Centro e o próprio médium.

Deve-se no primeiro momento Saudar as Forças dos Srs. Guardiões e das Sras. Guardiãs assentadas na Tronqueira agradecendo a permissão de sua entrada naquela Casa Santa, agradecendo o recolhimento e encaminhamento
de espíritos negativos que é realizado no ato da “simples” saudação, agradecendo a guarda, a força e a proteção que ELES realizam. Em segundo momento Saudar o Congá e o Altar, local Sagrado de um Centro que deve ser respeitado e é onde se realiza a grande troca de energia, pois todas as Irradiações Divinas estão sendo projetadas sobre todos aqueles que reconhecem o Poder Divino.

O ato de “Bater Cabeça” não deve ser um “costume”, mas sim uma atitude de reverência diante dos Sagrados Orixás, é nessa hora que comungamos com Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluayê e Iemanjá pedindo que mantenha nossos olhos fechados para o ciúme, para o egoísmo e para a inveja, que mantenha nossos ouvidos fechados para a intriga e para a curiosidade que alimenta a fofoca, que mantenha nossos corações abertos para o amor, para a fé, para a compaixão e para a esperança, que mantenha nossa mente aberta para o discernimento, para a sabedoria e para a paciência, que mantenha nosso espírito purificado e iluminado para que assim possamos servir de “simples” instrumentos de Deus, da Lei e da Justiça. É o momento de agradecer, agradecer e agradecer por essa oportunidade única e excelsa que temos por estar diante do Poder Divino.

Em terceiro lugar e não menos importante, o médium deve Saudar e tomar a Benção de seu Pai ou Mãe Espiritual. Quando isso ocorre, o “filho” está reconhecendo seu Pai Espiritual como o detentor dos conhecimentos da Lei de Umbanda e como seu orientador, que o conduzirá, sustentará e protegerá dentro da doutrina religiosa Umbandista.

“Tomar a Benção” é um procedimento de reconhecimento de Grau e de respeito à Hierarquia, pois o Pai Espiritual é a voz, é a força, é o representante e o intermediário dos Orixás aqui no plano material e ele é escolhido e preparado pelas próprias Forças Divinas, pois se assim não fosse, não conseguiria sustentar uma gira ou realizar um “simples” desenvolvimento.

Cada Centro tem a sua forma de saudar o Pai Espiritual, mas quando o médium toma entre suas mãos a mão de seu Pai Espiritual, a beija respeitosamente, leva-a até a sua testa e a beija novamente, este ato representa o desejo de que aquelas mãos preparadas o conduza aos serviços de Deus ajudando-o a adquirir conhecimentos Sagrados.

Ao dizer: “Daí-me Pai, a sua benção” e o Pai Espiritual responder “Seja Oxalá quem lhe abençoe” ele está saudando acima de tudo a Trindade Divina e sendo abençoado por OLORUN ou ZAMBI, POR OXALÁ e pelo ESPÍRITO SANTO.  As mesmas atitudes devem ser realizadas ao sair do Centro, pois o médium sai do Sagrado para o Profano.

Matéria retirada do Jornal de Umbanda Carismática – JUCA Edição Nº 003 – Outubro 2006

Espíritos que nos cercam



* Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade maior que a que encontramos entre os homens na Terra, por isso que vêm de todos os mundos, e porque entre os mundos a Terra nem é o mais atrasado, nem o mais adiantado. Há, pois, Espíritos muito superiores, como os há muito inferiores; muito bons e muito maus, muito sábios e muito ignorantes, há os levianos, malévolos, mentirosos, astutos, hipócritas, facetos, espirituosos, trocistas, etc.

* Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que, nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais, deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo os nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus.

* Pela inferioridade física e moral de nosso globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores.

* Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós, que agem mais particularmente sobre o nosso pensamento, aconselhando-nos, e cujo impulso seguimos sem nos apercebermos; felizes se escutarmos a voz dos bons.

* Liga-se os Espíritos inferiores àqueles que os ouvem, junto aos quais têm acesso e aos quais se agarram. Se conseguirem estabelecer domínio sobre alguém, identificam-se com o seu próprio Espírito, fascinam-no, obsidiam-no, subjugam-no e o conduzem como se fosse uma criança.

* A obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem nenhum constrangimento: aconselham, combatem a influência dos maus, afastam-se, desde que não sejam ouvidos.

* O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.

A obsessão é a ação quase que permanente de um Espírito estranho, que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo.

A subjugação é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre, impelindo a pessoa às mais desarrazoadas ações e, por vezes, às mais contrárias ao seu próprio interesse.

A fascinação é uma espécie de ilusão produzida, ora pela ação direta de um Espírito estranho, ora por seus raciocínios capciosos; e esta ilusão produz um logro sobre as coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se o mal pelo bem.

* Por sua vontade pode sempre o homem sacudir o jugo dos Espíritos imperfeitos, porque em virtude de seu livre-arbítrio, há escolha entre o bem e o mal. Se o constrangimento chegou a ponto de paralisar a vontade e se a fascinação é tão grande que oblitera a razão, então a vontade de uma terceira pessoa pode substituí-la.

Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos maus Espíritos, quando sua influência ia até à aberração das faculdades. Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como possessão aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos este termo por dois motivos: primeiro porque implica a crença em seres criados para o mal e a ele votados, perpetuamente, quando apenas existem seres mais ou menos imperfeitos e todos podem melhorar; segundo, porque ele implica igualmente a idéia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação, ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação dá uma idéia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados.

Por idêntico motivo não usamos o vocábulo demônio na acepção de Espírito imperfeito, de vez que freqüentemente esses Espíritos não valem mais que os chamados demônios: é apenas por causa da especialidade e da perpetuidade que estão ligadas a este vocábulo. Assim, quando dizemos que não há demônios, não queremos dizer que apenas existam bons Espíritos; longe disto: sabemos muito bem que os há maus e muito maus, que nos solicitam para o mal, armam-nos ciladas e isto nada tem de admirável, porque eles foram homens. Queremos dizer que não formam uma classe à parte na ordem da Criação, e que Deus deixa a todas as criaturas o poder de melhorar-se. (Allan Kardec - R. E. 1858).

 Fonte: Blog: Espiritualizando com a Umbanda
 

sábado, 18 de junho de 2011

Livro: Umbanda Mitos e Realidade

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Livro: Umbanda Mitos e Realidade
Autor: Mãe Iassan Ayporê Pery (Centro Espiritualista Caboclo Pery)

**Para a reprodução de seu conteúdo, a autora pede que seja citada a fonte.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quem não fez caridade?



Era dia de sessão e como sempre Marcelo chegou na parte da manhã para fazer algo que amava, limpar o terreiro. O dia mal amanhecia e ele já pulava da cama, contente e feliz pela oportunidade de ser útil.

O silêncio do terreiro vazio o tranqüilizava. A empresa que ele trabalhava vinha atravessando sérios problemas e essa semana havia sido em especial desgastante, as demissões prometidas haviam começado. Ver colegas de trabalho, chefes de família serem demitidos o deixou muito tenso e entristecido, mas tal qual passe de mágica tudo isso ficou além do portão de entrada do terreiro. Era dia de gira e ele estava feliz novamente! Sabia que suas energias seriam repostas para enfrentar mais uma semana dura de trabalho. Ele não tinha obrigação de fazer isso, mas fazia porque sentia prazer e alegria, e gostava de ir cedo justamente para poder ficar sozinho e limpar tudo no seu ritmo. Não fazia isso para "aparecer", como alguns diziam e pensavam, mas porque gostava de trabalhar sozinho.

Começou a faxina. Lavou o chão, regou plantas, lavou banheiros, tirou poeira das imagens, limpou os ventiladores e enquanto fazia a limpeza, cantarolava pontos dos orixás. Conseguiu ficar com a mente vazia.

Quando estamos fazendo algo que gostamos nem sentimos o tempo passar e a hora corria célere. Deu-se conta disso quando seu estômago "roncou" de fome. Olhou para o relógio do terreiro e viu que já passava do meio dia. Triste por não ter dado tempo de limpar os vestiários pensou que algum irmão da corrente poderia fazê-lo quando chegasse.

Assim, trancou o terreiro e foi para casa.

Lá chegando tomou um bom banho, almoçou e deitou-se no sofá da sala para tirar uma soneca, pois sentiu que seu corpo precisava. Dormiu.

No terreiro a movimentação de pessoas se intensificava. Duas médiuns que chegaram mais cedo viram que o terreiro estava limpo, mas que os vestiários não estavam. Sem pronunciar palavra, pegaram vassouras e rodos e começaram a limpeza. Francisco chegou bem na hora em que isso acontecia. Olhou de rabo de olho e falou:

- É isso que eu vivo falando! Se não pode ou consegue fazer tudo é melhor não fazer nada, assim já sabendo disso chegamos com disposição prá limpar o terreiro. Agora que estou de banho tomado e pronto prá sessão vou ter que me sujar lavando banheiro de médium.

Catarina, uma das médiuns que estava limpando retrucou:

- Não precisa Francisco. Eu e Iolanda damos conta do recado. Eu trouxe toalha de banho e roupas limpas para trocar depois da faxina. Eu já imaginava que o Marcelo na iria conseguir limpar tudo na parte da manhã como ele gosta, até porque ninguém consegue sozinho, por isso chegamos cedo e trouxemos roupa.

- Mas ele podia ter avisado... Fala Francisco, contrariado com a disposição de Catarina.

- E você podia ter previsto! Solta Iolanda, já cansada das reclamações de Francisco.

Catarina faz um sinal para Iolanda, pedindo que fique quieta, mas Iolanda sacode a mão no ar em sinal de contrariedade.

Francisco tenta esboçar alguma reação, mas é interrompido com a chegada de outros médiuns. Assim resolve ir trocar sua roupa, resmungando em pensamento. Vai para o vestiário masculino. Ele está irritadíssimo. Começa a tirar a roupa profana. Ao pegar da sacola de roupa, deixa cair o jaleco no chão que ainda está molhado em função de recente limpeza. O sangue sobe e fica vermelho de raiva. Pega o jaleco no chão e vê o "estrago" e pensa: "Ainda por cima serei chamado atenção porque o jaleco ficou amarrotado e sujo, droga!"

Enquanto isso, Carolina e Iolanda terminam a limpeza. Quase todos os médiuns já chegaram e elas vão tomar banho e se prepararem para a sessão. O portão é aberto permitindo assim a entrada da assistência.

O Pai Pequeno percebe que o Francisco não está no seu posto que é junto ao portão recebendo e orientando as pessoas. Pede que outra médium tome o seu lugar e vai a procura de Francisco. O encontra dentro do vestiário, sentado no banco do seu preto velho, ainda roxo de raiva. Percebe ao seu lado uma companhia invisível sugando-lhe as energias e irradiando sentimentos de raiva e ciúme. A energia é tão densa que até quem não é médium vidente podia ver. Respira fundo, pois essa não é a primeira vez que acontece. Francisco olha para o Pai Pequeno Osmar com os olhos injetados e dispara:

- Não posso entrar para a sessão. Olha o estado do meu jaleco. Está imundo!

A essa altura o jaleco já havia até secado no corpo de Francisco e nem parecia sujeira alguma, pois caíra em água limpa, só que em função da sua irritação e da companhia que estava agarrada ao seu perispírito ele não percebera isso.

Osmar olha o jaleco e diz:

- Do que você está falando Francisco? Não tem nada no seu jaleco. Ele está limpo!

Francisco olhou para o jaleco, mas a sua visão estava deturpada em função da atuação nefasta do trevoso que o sugava e sugestionava, assim, ele viu sujeira física onde tinha sujeira espiritual. Na sua visão o jaleco estava praticamente todo sujo amarronzado. Olhou novamente para o Pai Pequeno sem acreditar no que ouvira e dispara novamente, dessa feita já perdendo o respeito pelo Pai Pequeno:

- Será que você está cego? Se você considera isso limpo imagino como é a sua casa!

Percebendo o objetivo do espírito que acompanhava Francisco, Osmar respira fundo e usando de sua autoridade de Pai Pequeno diz com energia:

- Francisco! Tenha paciência! Você é médium antigo da Casa e me conhece muito bem. Se sua roupa estivesse suja eu seria o primeiro a dizer. Portanto, pare de palhaçada e entre já para o terreiro. Fique lá dentro e peça a Zambi, aos Orixás e entidades que tire do seu coração esse sentimento ruim. Firme seu Anjo da Guarda. Limpe-se interiormente, pois se tem alguma coisa suja aqui é o seu coração e pensamento.

Ao ouvir o tom de voz de comando de Osmar, Francisco se levanta em silêncio, lava o rosto, penteia os cabelos e vai para dentro do terreiro. Nesse instante, o espírito que o acompanhava afasta-se, e Francisco lembra-se que nem havia "batido cabeça" no gongá. Reza para o seu Anjo Guardião e sente um alívio no peito. Olha para o seu jaleco e vê que está limpo.

O Pai no Santo entra no terreiro e dá o sinal de que a sessão vai começar.
Percebe a ausência de Marcelo e pergunta a Osmar se ele sabe onde Marcelo está. Osmar que diz que Marcelo veio na parte da manhã limpar o terreiro, mas que não havia chegado ainda. Na verdade o cansaço e o estresse da semana havia tomado conta de Marcelo e a egrégora da Casa aproveitou a oportunidade do sono dele para reenergizá-lo durante a gira.

A sessão tem início e transcorre normalmente. Francisco não estava bem para trabalhar na consulta e foi orientado por Osmar para cambonar Pai Joaquim, o preto velho que trabalha com Osmar.

Ao final das consultas, Pai Joaquim dá um passe em Francisco e diz:

- Fio, cada gira, cada sessão, cada consulta é oportunidade única de trabalho, de elevação e de aprendizado. Suncê hoje desperdiçou a oportunidade de ser vibracionalmente abraçado pelo preto velho que trabalha com suncê... E sabe por que? Por que ao invés de vir pro terreiro com o pensamento voltado e aberto para o aprendizado, veio pensando num jeito de desfazer a imagem positiva que o menino Marcelo tem de todos aqui dentro.

Sem graça com a colocação do preto velho, Francisco retruca sem pensar muito:

- Que isso meu velho? Eu não preciso disso e nem estava pensando nisso. Ele nem veio a gira hoje. Por que eu me preocuparia com ele, se nem veio fazer caridade?

Calmamente o preto velho fala:

- Não veio fazer caridade, fio? Então escuta atentamente esse nêgo véio. Se todos nós hoje pudemos pisar num chão e chegar num ambiente fisicamente limpo, foi graças ao menino Marcelo. Isso é caridade fio! E suncê? Fez o que? Falou mal dele, se desequilibrou, permitiu a entrada de um espírito trevoso no templo sagrado do seu corpo, desacatou o pai pequeno e não trabalhou com seu preto velho incorporado. Então fio... Responde com sinceridade prá esse nêgo véio: Quem não fez caridade?

Vovó Maria Conga da Bahia
Em 30/05/2008 - Médium Mãe Iassan
Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

Um Dia Num Terreiro de Umbanda



Era dia de gira. O terreiro já estava todo limpo e preparado.

Os médiuns responsáveis pela limpeza daquele dia conversavam alegremente.

A dirigente e as mães pequenas já haviam feito todas as firmezas e podiam agora se juntar aos demais médiuns para um entrosamento maior.

O ambiente era tranqüilo e feliz.

Duas horas antes do início efetivo da sessão começaram a chegar os demais médiuns pertencentes a Casa.

Uns mais efusivos que outros como ocorre em todo grupo, todos se cumprimentam alegremente.

Faltando uma hora para o início dos trabalhos é iniciada a palestra destinada a assistência e médiuns.

Com a palestra já quase no fim, eis que chega Dora, médium de pouco mais de três meses na Casa.

Entra quieta e apressada, cumprimenta os irmãos de corrente com um “Oi” geral, um sorriso amarelo e vai direto para o vestiário trocar de roupa. Alguns médiuns se entreolham sem saber o porquê daquela irmã nunca se entrosar com eles.

Chega sempre em cima da hora da sessão, nunca se oferece para ajudar na faxina do terreiro e nem participa das obras assistenciais. Mesmo quando é sessão de desenvolvimento, entra muda e sai calada.

Essa atitude dela vem já causando algum desconforto entre alguns médiuns, que resolvem, com a “melhor das boas intenções” perguntar a Mãe no Santo, faltando menos de 15 minutos para o início da sessão, se ela não sabe o porque desse “descaso” para com os irmãos e para com a própria Casa.

A Mãe no Santo responde:

- Deixem a Dora em paz... ela tem compromissos previamente assumidos que a impedem de estar mais tempo junto de nós. Isso não significa que ela não gosta da Casa ou de nós. Por que ao invés de ficarem especulando não tentam colocá-la mais a vontade em nossa Casa?

Mas Rodrigo é curioso... e dispara:
- Mas Mãe, nem quando ela chega aqui ela fala com a gente direito... Entra muda e sai calada. Assim fica difícil fazer amizade com ela.

- Ela é tímida. Não lhe passou pela cabeça que a sua forma de aproximação pode assustá-la ou afastá-la? Menos julgamento, meu filho e mais amor...

Rodrigo não gostou da resposta da Mãe, mas silenciou pois o olhar dela lhe disse que o assunto estava encerrado, até porque a sessão já ia começar.

- Vão para dentro do terreiro... diz a Mãe. Preciso me preparar.

Rodrigo vai para dentro do terreiro determinado a descobrir os “tais compromissos” e se Dora era realmente tímida ou antipática. Afinal, ele trabalhava tanto, fazia tanto pela Casa limpava, fazia faxina, chegava cedo no terreiro, participava das aulas, palestras, sessões de desenvolvimento... e tinha o mesmo tratamento que Dora? Recebia da Mãe o mesmo sorriso, a mesma atenção... Não achava justo isso. Ia dar um jeito de mostrar para a Mãe que ela estava sendo condescendente demais com aquela médium tão inexpressiva e indisciplinada.

Começa a sessão... os trabalhos transcorrem normalmente. Dora incorpora pela primeira vez o seu Caboclo... Saúda o Caboclo chefe e diz ao Caboclo da Dirigente:

- Esse Caboclo tá muito satisfeito com o que seu aparelho vem fazendo com minha filha. Ela precisa de muita orientação e amparo. Não permita que turvem os olhos e o coração do seu aparelho com maledicências...

O Caboclo chefe responde:

- Pode ficar tranqüilo. Meu aparelho já sabe.

Ao ver que Dora havia incorporado, Rodrigo sente aumentar ainda mais a sua inveja... e pensa “Agora que ela vai ter mais atenção mesmo... se sem incorporar nada já recebia atenção... agora então...” Rodrigo tenta em vão escutar o que os Caboclos estão dizendo. A sua ansiedade não permitiu que ele mesmo incorporasse seu enviado de Oxoce. Desequilibrou-se e acabou ficando sem receber as irradiações maravilhosas de seu guia, que tenta exaustivamente chamá-lo a razão, dizendo a seu ouvido:

- Meu filho, reflita no real motivo que se empenha tanto em ajudar na Casa. É por humildade ou para “aparecer”. A Mãe tem que zelar por todos igualmente e é óbvio que irá se preocupar com os que mais necessitam. Abranda o teu coração e sossega teu pensamento para que possa fazer o que devia ser o teu primeiro objetivo aqui... praticar a caridade servindo de aparelho para mim e a tua Banda toda...

Mas nada... Rodrigo não lhe dava ouvidos. A corrente da Casa já havia anulado a ação dos espíritos trevosos que circundavam o terreiro, mas eles encontravam dificuldade em afastar alguns pois estavam encontrando ressonância de sentimentos em Rodrigo que estava com a “guarda aberta”.

O Caboclo Chefe, Sr. Pena Branca, foi avisado pelos guardiões o que estava se passando. Ele olhou Rodrigo que de tão cego que estava não percebeu o olhar do Caboclo. O sr. Pena Branca avançou em direção a Rodrigo que cantava pontos sem prestar a menor atenção a o que estava acontecendo a sua volta, pois o seu olhar estava fixo sobre Dora incorporada. Quando deu por conta, Sr. Pena Branca estava na sua frente... e falou:

- Curumim! Presta atenção na gira e não em médium. Presta atenção ao seu guia...

- Mas eu não estou sentindo a vibração dele... acho que não vem hoje...

- Ele está do seu lado! Sempre! Ele tem compromisso com você e com a Casa.
Você é que está preocupado com coisa que não é para se preocupar e nem saber. Coisa que não deveria ser do seu interesse. Cuida do teu e do que veio fazer aqui!

Ato contínuo eleva a mão sobre a testa de Rodrigo sem tocá-la buscando cortar o elo de ligação com os espíritos trevosos que desta feita insistem em atuar no mental de Rodrigo.

Rodrigo fecha os olhos e balança suavemente para frente e para trás... o Sr. Pena Branca dá o seu brado e o Caboclo Flecheiro incorpora em Rodrigo.

Os dois conversam. O Sr. Pena Branca pede que seja enérgico com Rodrigo.
Que o oriente a deixar os assuntos que não sejam de sua alçada fora de seus pensamentos. Que não seja intransigente com os irmãos, que controle a sua curiosidade e julgue menos. Que veja todos os irmãos iguais e que se conscientize do seu papel dentro do terreiro e dentro da Umbanda.

O Caboclo Flecheiro promete que irá continuar trabalhando mas que Rodrigo tem o seu livre arbítrio e pede ajuda nessa tarefa. O Sr. Pena Branca promete interceder também.

Iniciam as consultas e o trabalho transcorre com tranqüilidade.

Ao término da sessão Dora é só sorrisos. Feliz por haver incorporado pela primeira vez o seu Caboclo, quase corre para perto da Mãe e a abraça agradecida.

- Mãe, obrigada! As suas palavras ontem me deram novo incentivo, nova vida. Renovaram o meu desejo de crescer, estudar, evoluir. Fiz tudo direitinho conforme a senhora orientou e hoje vi que não estou louca... Cheguei aqui hoje ainda com um pouco de medo. Mas... Ele existe mesmo e a sensação é maravilhosa. Aqui é a minha Casa por que é a Casa Dele. Além do mais, hoje quando fui fazer a entrevista de emprego, me saí tão bem que já começo a trabalhar na segunda-feira e terei mais tempo para me dedicar ao Centro e aos estudos da espiritualidade.

A Mãe sorri e responde:

- Viu minha filha? Todos nós passamos por isso, sentimos esse medo, essa insegurança... só que alguns esquecem que um dia foram inseguros e tiveram seus problemas também.

Nesse momento a Mãe lança um olhar significativo para Rodrigo que abaixa a cabeça envergonhado.

Dora acompanha o olhar da Mãe e vê Rodrigo. Dirige-se a ele sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas, diz:

- Rodrigo, você me ajuda? Gostaria muito de ajudar na limpeza de nosso terreiro e em todas as tarefas disponíveis, agora que arrumei outro emprego e não trabalho mais em dia de sessão. Como posso fazer? Falo com quem? Você sempre foi tão prestativo e atencioso comigo... pode me ajudar?

Felizmente a excitação de Dora não permitiu que ela percebesse o quão desconcertado e envergonhado Rodrigo estava, pois ele ouvira na íntegra a conversa entre o seu Caboclo e Sr. Pena Branca e agora ouvia aquilo...

A Mãe no Santo sorri. Mais uma lição havia sido aprendida por aquele filho tão querido. Ela volta-se para o Congá e sorri ao olhar a imagem de seu Caboclo e em pensamento diz: “Obrigada Pai! Obrigada Umbanda pela oportunidade do aprendizado constante!”

Mensagem Inspirada por Vovó Maria Conga da Bahia
Médium Mãe Iassan
30 de março de 2007
Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

Anúncios que prometem a solução dos seus problemas. Eles funcionam mesmo?



O que pensar desses anúncios vinculados em jornais ou panfletos distribuídos nas ruas que prometem a solução de nossos problemas amorosos, financeiros e de saúde? Eles funcionam mesmo? Trazem a solução tão desejada?

Acredito que existem dois aspectos que devam ser analisados. O primeiro refere-se ao desespero da pessoa que necessita ou deseja a solução. O segundo é ver envolvido o nome da Umbanda nessa questão.

Analisando o primeiro aspecto, podemos desmembrá-lo também em duas vertentes. A primeira compreensão da pessoa que por acreditar que seu problema não seja de seu merecimento ou “culpa”, busca no externo a solução do mesmo. Pessoas que buscam por esse tipo de “atendimento” não têm menor noção de espiritualidade, de merecimento, e não estão nem um pouco preocupadas com as conseqüências que este tipo de envolvimento pode trazer, pois as desconhecem. Por acreditarem que o seu problema é conseqüência de ações de terceiros, desafiam o próprio Deus, dizendo-se não merecedoras do que estão passando.

Dentro de suas mentes obnubiladas pela dor e sofrimento, querem uma solução rápida, mágica, que as façam verem-se livres e felizes.

A segunda vertente diz respeito especificamente ao sentimento do solicitante. Muitos pedem que “a pessoa amada volte”. Ora, sabemos que quem ama realmente deseja somente o bem do ser amado, portanto não irá fazer um pedido desta natureza. Outras pessoas pedem que “fulano” perca o emprego, pois ele precisa trabalhar e o “fulano” está atrapalhando; ou então pedem pelo desencarne de “beltrano”. Francamente!

Mas, esses “trabalhos” funcionam? Certamente que sim! Não para todos, mas para muitos ou alguns. Mas no fundo, no fundo, é imprescindível que haja absoluta harmonia entre o solicitante, o executante e o astral inferior. Portanto obter o resultado desejado apenas confirma a absoluta sintonia entre essas três coisas.

Mas quem executa esses trabalhos em nível astral? Espíritos que trabalham com forças trevosas, de baixo padrão vibratório e alta densidade perispiritual. Espíritos altamente ligados à matéria, ao mundo encarnado. Não são desprovidos de inteligência, muito pelo contrário, são desprovidos de luz, de esclarecimentos da verdade eterna, de amor. Espíritos que saudosos de seus tempos na terra ainda precisam se alimentar, fumar, beber, urinar, defecar, sentem-se encarnados ainda, sentem dor, prazer sexual, etc. E para satisfazerem as suas necessidades fisiológicas e outras intenções maléficas, reúnem-se em torno de encarnados que poderão, por similitude vibratória, atendê-los em seus desejos e aspirações. Muitos se agregam aos médiuns que por sua invigilância, cedem lentamente a essas aspirações. Eles são ardilosos, chegam a fazerem-se passar por Exu, dando ao médium a impressão de estar sendo assistido pelo seu próprio Exu. Por isso é tão importante que o médium estude sempre e mantenha-se empenhado no caminho do bem e da caridade.

Dentro de sua ousadia, esses obsessores envolvem o médium dando-lhe “poderes” e sensações prazerosas em nível de terra. Atendem rapidamente as necessidades mais mundanas do médium e se apresentam como “solucionadores” de diversas questões. Mas ainda não é aí que começa a cobrança. O médium empolgado desvia-se ainda mais, começa a procurar lugares onde haja o mesmo tipo de afinidade vibratória, e tudo que estudou recebe outra conotação. Começa a atender pessoas em casa e a pedir, sugestionado pelos obsessores, os elementos que irão satisfazer as necessidades deles, e não vê nada de mal em cobrar também pelo trabalho que irá executar. Afinal tem que “salvar o santo”, “salvar o chão”, e salvar não sei mais o que.

A pessoa que foi pedir, poderá ou não receber a “graça”, ou seja, a solução tão desejada, mas certamente ela receberá algumas tantas companhias que turvarão ainda mais sua mente já tão conturbada e perturbada pela dor. Neste caso em especial, não receber a “graça” é que é a verdadeira graça, pois é sinal que a pessoa não está tão envolvida assim com a espiritualidade inferior.

O segundo aspecto desta questão é quando envolvem o sagrado nome da Umbanda nestes trabalhos. A Umbanda não se presta a este tipo de coisa. Quem assim o diz está desviado de seu caminho. A Umbanda trabalha justamente para combater o astral inferior e não compactua com obsessor, mas o orienta e doutrina, ao contrário também do que muitos pensam.

Neste embate a primeira linha que é utilizada pela Umbanda é a linha de Exu e Pomba Gira, porque são as entidades determinadas pelo Astral Superior para esse trabalho em função de suas características vibratórias, a sua enorme capacidade de manipulação energética e seu profundo conhecimento das armadilhas do astral inferior. Além do mais, Exu trabalha sob as ordens de espíritos superiores que são os enviados de Orixá. Logo, por dedução simples e lógica não faz sentido a afirmação de que Exu faz tanto o mal quanto o bem, que não sabe diferenciar um do outro; isso significaria inocência, coisa que está longe de ser uma das características de Exu; além de significar que Exu seria um idiota, e não um espírito de luz, guardião e defensor.

Exu é passional? Sim, Exu é passional, mas não é bobo e muito menos violenta o livre arbítrio de ninguém, portanto Exu não bate, não exige oferenda especial nenhuma, utiliza sim os elementos oferendados (padé e bebida alcoólica), única e exclusivamente para manipular as energias volatilizadas para a consecução dos objetivos propostos pelo Astral Superior, e o mesmo não propõe que o Exu beba através de seu médium, mas que manipule a essência dos elementos oferendados em favor dos seus comandados, estes sim mais apegados as necessidades terrenas.

Eis o motivo de Exu ser tão mal compreendido. Eis o motivo da Umbanda ser tão execrada. As pessoas leigas e os médiuns desprovidos de esclarecimento e orientação, deixam-se levar por exemplos pouco louváveis e acabam misturando as coisas.

O tempo que alguns médiuns perdem em querer aprender “fuxicos”, oferendas e agrados para os Orixás e etc, deveriam usar para elevarem o seu próprio padrão vibratório e se tornarem dignos de se dizerem umbandistas.

Mas nada acontece por acaso, pois todas as vezes que a Umbanda é atacada ela ressurge, tal qual fênix, das cinzas dos médiuns invigilantes, através da força dos que realmente amam a Umbanda.

Iassan Ayporê Pery
Fonte: Livro: Umbanda - Mitos e Realidade

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