quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cura e autocura espiritual - Reforma íntima

A única coisa que realmente importa é você perceber, compreender que existe um estado de consciência “divino”, além de todo sofrimento

A maioria das pessoas, quando dá seus primeiros passos na longa jornada do autoconhecimento e, consequentemente, da autocura, costuma dissociar o aprendizado espiritual do dia-a-dia. Claro que nossos primeiros passos aconteceram lá atrás, quando a consciência ou o princípio inteligente começou a se manifestar na matéria/energia, mas me refiro ao primeiros passos dados nesta nossa atual reencarnação.
Muitos passam o dia inteiro estressados, ansiosos ou cansados, com a mente dispersa, sem foco no “aqui e agora”. Chegam de noite no centro espírita, umbandista, ou seja lá o que for, na esperança de receberem o amparo divino, manifestado na boa vontade daqueles que lá estão para servir, seja encarnado ou desencarnado.
Mesmo neste momento tão especial, poucos são os que se mantêm presentes, de corpo e alma. Uns cochilam, outros assistem à palestra sem o menor interesse, outros, ainda, aguardam ansiosamente pelo passe energético ou a água magnetizada... e todos vão para seus lares na esperança de dias melhores! Mas eu pergunto: quando será um dia melhor? Amanhã? No futuro?
A grande diferença, entre um espírito “maduro” e outro não, é que, as pessoas mais conscientes, mais lúcidas, sabem que nosso aprendizado espiritual ocorre todos os dias, em todos os momentos. Toda hora é propícia para entendermos como somos, como reagimos diante das circunstâncias da vida.
Além disso, não podemos achar que somente na hora da palestra ou no momento do passe é que devemos abrir o coração, serenar a mente ou “pensar em Jesus”. Quem nunca ouviu dizer que “o Reino de Deus está dentro de nós”? Pois é, está mesmo, à nossa disposição – hoje – não amanhã, quando formos seres iluminados, anjos... Na verdade, isso tudo é secundário! Ser evoluído ou não, não faz a menor diferença, nem mesmo para Deus! A única coisa que realmente importa é você perceber, compreender que existe um estado de consciência “divino”, além de todo sofrimento, todo dissabor, toda frustração e ilusão, e basta acessarmos este estado de lucidez para sentirmos aquela tão sonhada paz interior. Jesus disse “Buscai o Reino de Deus e tudo mais virá por acréscimo”. Então... tá esperando o quê?
No começo não é fácil. Temos a crença enraizada de que só podemos estar bem quando tudo está “perfeito”. Aí é que está a raiz do problema.
Muitos dizem que os grandes pensadores espiritualistas eram contra as coisas mundanas, mas isso não é verdade. Buda, por exemplo, não condenava o desejo, pois quando não aceitamos nossos desejos, automaticamente criamos um conflito interno e perdemos a percepção dos planos mais elevados da realidade. O problema não está no desejo, mas no apego que temos aos nossos desejos. O apego, a necessidade em realizar um desejo é que causa sofrimento e não o desejo em si. Além disso, Buda sempre nos aconselhou a buscarmos o “caminho do meio”, ou seja, o do equilíbrio.
Orai e vigiai! Quando estamos focados no presente (seja meditando, orando ou fazendo qualquer atividade, como lavar a louça) nos tornamos mais conscientes dos nossos pensamentos, sentimentos e atitudes, assim como ficamos mais sensíveis à dor alheia. Nos tornamos mais capazes de amar sem nos envolvermos no desequilíbrio do outro. Aprendemos a respeitar a individualidade de cada um, pois passamos a respeitar o nosso próprio jeito de ser. Então, a harmonia envolve nosso corpo, nossa mente, nossa alma... num grande processo de cura, individual e coletiva. Saúde e Paz!

        
                Editorial publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 67.

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