quarta-feira, 27 de abril de 2011

Casa Espírita sem Médiuns

Uma vez, faz alguns anos, perguntaram-nos, em uma lista espírita na Internet da qual participávamos, se era possível que um Centro Espírita fosse estruturado sem a contribuição de médiuns. É um assunto, sem dúvida, interessante e, por isso, cremos ser útil partilhar com o leitor nossas reflexões sobre ele.

Médiuns ostensivos, aqueles em que uma ou mais faculdades se manifestam com freqüência, são relativamente poucos, mas, médiuns, em maior ou menor grau, somos todos nós, como se depreende da resposta à questão 459 de O Livro dos Espíritos. Quando Kardec perguntou se os espíritos influenciavam em nossos pensamentos e atos, a resposta foi “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Diante de tal resposta, fica evidente que não existe, a rigor, casa espírita nem local algum sem médiuns.

Se, no local onde morarmos, não houver centro espírita algum, é perfeitamente possível e, mesmo, recomendável, que nos mobilizemos junto com outros espíritas vizinhos para estruturar um. Caso, dentre os espíritas mobilizados, nenhum seja médium ostensivo, com faculdades de vidência, psicofonia, psicografia, curativa ou de efeitos físicos desenvolvidas, não haverá problema algum. Poderão ser organizadas sessões públicas com palestras doutrinárias e passes, reuniões de estudo sistematizado da doutrina e reuniões de educação mediúnica. Poderão ser organizadas, ainda, iniciativas assistenciais. Há tanto a ser feito sem médiuns ostensivos!

Quando a casa estiver funcionando bem e se tiver transformado em foco de luz e recanto da caridade cristã, os bons Espíritos que estarão, certamente, protegendo e auxiliando a obra, se encarregarão de encaminhar a ela novos trabalhadores, dentre os quais, talvez, um ou outro médium ostensivo, que poderá ser experiente ou, o que é mais provável, será necessitado de orientação.

É nesse momento que os trabalhadores da casa espírita, seja nova ou antiga, devem estar atentos para não rejeitar um potencial colaborador de escol devido aos desajustes que apresenta quando aparece pela primeira vez ou pela ignorância da Doutrina que demonstra em tal momento. Qualquer médium perturbado que for encaminhado à casa espírita deve ser visto como um cascalho bruto a ser eliminado das suas impurezas, lapidado e feito brilhar em todo seu esplendor. Do mesmo modo, outro que não esteja perturbado, mas ignore os mecanismos da mediunidade, deve ser tratado com paciência, respeito e, sobretudo, bom-senso. Se não for propenso a estudos por uma dificuldade ou outra, mas tiver bom coração e disposição de escutar, deve ser orientado oralmente em palestras e em conversas pessoais até que saiba o que se processa com ele e como lidar com a sua faculdade.

É fundamental, portanto, que os trabalhadores espíritas mais antigos na casa fiquem atentos para os necessitados que procuram o centro onde trabalham, pois entre eles poderá estar um médium ostensivo que a espiritualidade encaminhou para a Casa Espírita que esperava por um. Com o concurso de um médium ostensivo a casa poderá desenvolver novas atividades voltadas para o bem, como reuniões sérias de materialização e tratamentos de cura espiritual. Um médium ostensivo pode não ser imprescindível para o bom funcionamento de uma casa espírita, como já vimos, mas se algum for encaminhado para ela, isso será um sinal claro de que os amigos espirituais assim o querem, o que não deve de modo algum ser ignorado.

Renato Costa
Artigo Publicado originalmente em O Clarim, Ano CII, Matão, setembro de 2007, no 2

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