Os ciganos são verdadeiros
andarilhos, livres e alegres. Sua origem é indiana, mas surgem dos mais
variados lugares com uma descendência infinita, ao ponto em que seria
impossível de citar todas. Os mais conhecidos vieram da Espanha, Portugal,
Hungria, Marrocos, Argélia, Rússia, Romênia e Iugoslávia. Carregam consigo seus
costumes, características e tradições.
Outras informações sobre as
origens dos ciganos foram obtidas através de estudos linguísticos feitos a
partir do século passado pelo alemão Pott, o grego Paspati, o austríaco
Micklosicyh e o italiano Ascoli. A comparação entre os vários dialetos que
constituem a língua cigana, chamada romaní ou romanês, e algumas línguas
indianas, como o sânscrito, o prácrito, o maharate e o punjabi, permitiu que se
estabelecesse com certeza a origem indiana dos ciganos.
A maior parte dos
indianistas, porém, fixa a pátria dos ciganos no noroeste da Índia, mas os
indianistas modernos, têm tendência a
não considerá-lo um grupo homogêneo, mas um povo viajante muito antigo,
composto de elementos diversos, alguns dos quais poderiam vir do sudeste da
Índia.
A razão pela qual
abandonaram as terras nativas da Índia permanece ainda envolvida em mistério. Parece
que eram originariamente sedentários e que devido ao surgimento de situações
adversas, tiveram que viver como nômades. Mas a origem indiana dos ciganos é
hoje admitida por todos os estudiosos, não havendo dúvidas quanto ao que diz
respeito à língua e à cultura.
A maioria, igualmente, os
ligam à casta dos párias. Isso em parte por causa de seu aspecto miserável, que
não se deve a séculos de perseguição, pois foi descrito bem antes da era das
perseguições. Também por causa dos empregos subalternos e das profissões
geralmente desprezadas na Índia contemporânea pelos indianos que lhes parecem
estreitamente aparentados.
A presença de bandos de
ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem.
Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única
possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades.
Os preconceitos já
existentes eram reforçados pelo convencimento difundido na Europa que a pele
escura fosse sinal de inferioridade e de malvadeza.
Os ciganos eram facilmente
identificados com os Turcos porque indiretamente e em parte eram provenientes
das terras dos infiéis, assim eram considerados inimigos da igreja, a qual condenava
as práticas ligadas ao sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos
que os ciganos costumavam exercer. A falta de uma ligação histórica precisa a
uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia o reconhecimento como
grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo houvessem sido
qualificados como Egípcios.
A oposição aos ciganos se
delineou também nas corporações, que tendiam a excluir concorrentes no
artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho com metais. O clima de suspeitas e
preconceitos se percebe na criação de lendas e provérbios tendendo a por os
ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los
descendentes de Caim, e, portanto, malditos (Gênesis 9:25). Difundiu-se também
a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar
Cristo (ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego,
tornando assim mais dolorosa a crucificação do Senhor).
Dos preconceitos à
discriminação, até chegar às perseguições. Na Sérvia e na Romênia foram
mantidos em estado de escravidão por certo tempo; a caça ao cigano aconteceu
com muita crueldade e com bárbaros tratamentos. Deportações, torturas e
matanças foram praticadas em
vários Estados, especialmente com a consolidação dos Estados
nacionais.
Sob o nazismo os ciganos
tiveram um tratamento igual ao dos judeus: muitos deles foram enviados aos
campos de concentração, onde foram submetidos a experiências de esterilização,
usados como cobaias humanas. Calcula-se que meio milhão de ciganos
tenham sido eliminados durante o regime nazista. Um exemplo entre muitos: o
trem que chegou a Buchenwald em 10 de outubro de 1944 trazia 800 crianças
ciganas. Foram todas assassinadas nas câmaras de gás do crematório cinco.
Não se sabe bem por qual
razão, os nazistas permitiram que conservassem seus instrumentos musicais. A
música serviu-lhes de último consolo. Um sobrevivente não cigano relembra uma
passagem do ano de 1939 em Buchenwald: "De repente, o som de um violino
cigano surgiu de uma das barracas, ao longe, como que vindo de uma época e de
uma atmosfera mais feliz... Árias da estepe húngara, melodias de Viena e de
Budapeste, canções de minha terra".
Atualmente, os ciganos estão
presentes em todos os países europeus, nas regiões asiáticas por eles
atravessadas, nos países do oriente médio e do norte da África. Na Índia
existem grupos que conservam os traços exteriores das populações ciganas:
trata-se dos Lambadi ou Banjara, populações semi-nômades que os
"ciganólogos" definem como "Ciganos que permaneceram na
pátria". Nas Américas e na Austrália eles chegaram acompanhando deportados
e colonos.
Os primeiros ciganos vieram
para o Brasil no século XVI, trazidos pela corte real de D. João VI para
divertir a comitiva; sendo eles: cantores, músicos e dançarinos.
Fonte: Sociedade
Espiritualista Mata Virgem
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